#8 Terapia. Assassinos. Confissões — O amor que buscamos nas palavras que calamos
Após assistir o documentário dos "Irmãos Menendez", voltei a pensar no relato de uma caso que atendi anos atrás de um assassino confesso.
⚠️ Antes de falar sobre isso, gostaria de avisar que esse texto pode conter gatilhos para pessoas potencialmente sensíveis aos relatos e/ou que tenham passado por uma situação parecida.
Minhas mãos travaram pouco antes de começar a digitar, como se fosse algo proibido e que não devesse ser contado. Contudo, é um caso já encerrado e que talvez sirva para que mais profissionais possam tratar de pessoas que tenham cometido assassinatos do ponto de vista clínico. Aqui eu deixo de lado a questão da moralidade e/ou ética sobre o caso apresentado, visto que nunca foi e não é a minha função fazer qualquer tipo de parecer sobre essas questões. Até em razão de que ao atender o paciente, eu estava comprometido na escuta e história narradas.
Eu, jovem, ainda impulsivo, nada observador, só notei que o paciente não estava à vontade. Ele coloca sempre uma das mãos às costas e depois segurava os joelhos. Eu lembro disso vividamente, mesmo após tantos anos.
— Você veio de outra cidade para se consultar comigo — disse eu com firmeza — E até agora, após quase uma hora, não falou absolutamente nada que fizesse sentido em você estar aqui. Seja o que for, se você não confiar em mim, não tem o que fazer aqui.
— … é difícil… mas o doutor não irá fazer eu me entregar?
— Entregar? Em que sentido? Se nem à vontade você fica em meu consultório, até agora sequer sentou para trás na poltrona.
— Eu… — Nesse momento ele tira das costas um revólver e o ajeita sobre o joelho.
Lembro que naquele momento eu paralisei, era como se o sangue tivesse congelado e uma frieza nunca sentida antes, até então, me dominasse por completo.
— Eu matei gente…
“A psicanálise é trazida tanto no tocante a um diagnóstico estrutural que aponta para a estrutura clínica psicose, quanto como ruptura do pensamento criminológico. O superego do psicopata é fraco ou ausente, o que explica sua incapacidade de sentir culpa, arrependimento ou remorso, pois essas emoções estão diretamente ligadas ao funcionamento de um superego bem desenvolvido. No estudo da psicopatia, a psicanálise também observa a presença de um narcisismo exacerbado.”
Mas NÃO era nada disso o que se apresentava à minha frente. E se passariam quase seis meses até que a verdade fosse revelada claramente pelo inconsciente…
Continua…
O amor que buscamos nas palavras que calamos
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Indicação de Leitura
Que nem sempre se relaciona com o conteúdo dessa Newsletter
Neste livro, o psicanalista Gilson Iannini parte de uma pergunta aparentemente banal: o que significa ler Freud hoje, em pleno século XXI? Diante das novas formas de subjetividade, de novos usos dos corpos, de novas formas de sofrimento e de novas tecnologias, a psicanálise não seria uma obsoleta peça de museu? Estaria a psicanálise à altura das exigências da contemporaneidade?
O autor se fundamenta em experiências concretas para propor uma definição minimalista de psicanálise, condizente com o século XXI, mas sem ceder a modismos. Aborda temas sensíveis, como sexo, raça e classe; desloca lugares comuns do ensino de psicanálise, e também de sua crítica; ajuda a desmontar falsas dicotomias, como a que separa natureza e cultura. Mostra que a meta de uma análise nunca foi a de devolver ao sujeito as capacidades de “amar e trabalhar”, mas de curtir/fruir/gozar e produzir/realizar.
De sonhos à inteligência artificial, o livro oferece ao leitor um panorama inovador da psicanálise e de sua interface com os saberes contemporâneos.
“Infamiliar, nômade, errante, a psicanálise nasce a cada vez que um ser falante se entrega ao convite de falar livremente e encontra um psicanalista disposto a ouvi-lo nessa escuta tênue, que não é atenta nem dispersa, mas flutuante. Ela nasce quando um analista consegue devolver alguma cor e magia à empalidecida palavra. E ela nasce sempre disposta a morrer.”
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Caramba, verdade ou ficção isso?