bela arrasta bela
imagino pegando o travesseiro, eu, botando no lugar, endireitando, tédio. que há de ter sido se aquilo pode ser noutro — praquá. Quer saber me imagino caindo caindo num mar de mãos-garrentas, dessas rentes (igual rena), esmaltadas, com brincos nos dedões. Grandes grandes mães. Caio porém em superfície, não nelas (mãos) não sei por qual motivo imagino ser imenso numa máquina de correr. Corro observo o prédio e salto muro em vista. ‘’alucina’’ Cimppá! ‘’alucina’’! o embrulhão grita. Embromado carne-ofício. imagino outro prédio pulando como xafariz — eu nem mais ninguém. Monstruoso corpo em vertical contando vitrines horizontais pr’onde quer que o vento vá, me sento n’aquele mesmo sofá.
trecho de imaginações sem sentido — e precisa ter? leitor, sei que sua capacidade de leitura é reduzida a poemas clichês e histórias bem-contadas. sendo assim, continuarei a série de imaginações:
morro de medo de água conforme o levante, levanto e vejo a praia. linda praia ia. nunca fui. nunca queria. a onda vem como se fosse vento bate: bate: bate — lindo. agora vejo a outra mulher nadar de olhos claros e umbigo raso, mãos de açaí, leitoa. cantora certeza e na mesa outra carta que dizia:
bela, sei que seu coração ainda bate bate e bate, mas vim aqui te pedir perdões mil (1000) imensos e imensos (grandes) perdões (+ de 1000). o que fiz aquela noite de dormir em meio ao sexo não me era pronto preparado agora me sinto agitado pronto para retornar. bela amo-te te engulo tanto pela vontade que não restam forças para o abate. ah! te singela bela. te espero sei que!
ass: seu amor.
sim ela (bela) esperava. esperava o ônibus no terminal, tal qual tarde fria vindo vento chuvoso de ar sombrio e cidade alerta. sirenes (dos dois tipos ois) ecoavam entre os prédios presentes. defumados? defuntos-feito-cinzas voavam por aí voavam. observava a mãe com a filha (?) *quero colinho, quero colinho!* *sai pra lá menina!* (nota do autor: bem que faz! menina birrenta). Segue: observava também as luzes acendendo tendo como tenda as vitrines pseudoacesas. asas no céu asas, de pássaro e de avião. iam e vinhão (am). observava o frutume lamacento nas calçadas intactas de concreto nada aesmo. observava o lixo que se despedaçava com o vento e sacolas sendo atropeladas por carros grandes carros selvagens carros como se fossem asas de mãos ou como se fossem tigres como se fossem lista de compra como se fossem carrinhos de supermercado como se fossem carrinhos de brinquedo como se fossem carimbos de banqueiro como se fossem carinhos de bingueiros como se fossem risos de roqueiros como se fossem rios de coqueiros como se fossem rio de janeiro como se fossem vi o jardineiro e assim por diante. me perdi. voltei. 1, 2 ,3. e a sacola voava e voava e voava e voava. rumo: primeiro fio suspenso que ver e alí ficava ficava que nem se importava com o resto dos outros que observavam (ou não). sendo assim, leitor, pouco importa, bela era na verdade filósofa. queria voltar pra casa logo. sim pra sentar n’aquele, n’aquele mesmo sofá.