Erotismo faz parte da Literatura?

Entre a letra e a carne: como a literatura erótica conversa com o real do corpo?

Abro a sessão de hoje com um paradoxo: nada é mais íntimo que o corpo, e nada é mais distante que a linguagem. Como então a literatura erótica tenta atravessar esse abismo?

Imagem

Ao ler um romance, um conto ou até um poema marcado pelo desejo, algo se insinua: não é apenas fantasia, mas também uma tentativa de traduzir o real do corpo em palavras; e o real, como já dizia Lacan, nunca se escreve por completo.

Quando pensamos em literatura erótica, é comum imaginar excessos, tabus quebrados, corpos idealizados. Mas talvez a potência esteja justamente na falha: a escrita erótica não descreve o corpo em sua totalidade, ela o evoca. Um gemido escrito não é um gemido ouvido, mas pode despertar algo tão ou mais forte em quem lê.

Este é o Pipoca🍿na manteiga😋, nossa news semanal onde você entra assiste a várias estreias e espetáculos com um bilhete só: literatura, psicanálise, cinema, arte e cultura com sabor de sexta-feira. Nosso convite é simples: senta aqui com a gente (ou leia em pé busão , correndo no parque, com café na mão), porque o filme da vida ainda tá passando. Aqui você encontra 🎭 Literatura 🎬 Cinema 🧠 Psicanálise (sim, eu amo usar emogis) entrelaçadas no nosso cotidiano.

Penso, por exemplo, em A história do olho, de Georges Bataille, em que o erotismo se mistura com a violência e a morte, mostrando que o desejo não é puro, mas atravessado pelo interdito. Ou em Delta de Vênus, de Anaïs Nin, onde a delicadeza lírica convive com cenas cruas, revelando que a escrita erótica pode ser tão feminina quanto visceral.

Imagem