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Pipoca🍿na manteiga😋 #15

O silêncio de Clarice: Como Lispector nos ensina a escutar o que não pode ser dito? Há autores que escrevem para preencher o vazio, e há Clarice Lispector: que escreve para habitá-lo.

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out 18, 2025
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Ler Clarice é aprender a perder tempo, no melhor sentido. É desacelerar a urgência da linguagem para escutar o que pulsa atrás da frase.

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Ler Clarice é sentar-se diante de um espelho que não reflete o rosto, mas o intervalo entre o olhar e o que se vê. Seu texto é um gesto de escuta, um mergulho no rumor do indizível. Em vez de narrar o mundo, ela o respira, e cada frase parece querer calar o instante em que a palavra nasce.

“Escrever é procurar entender, é procurar reproduzir o irreproduzível”, diz Clarice em A descoberta do mundo. Nesse paradoxo, o silêncio não é ausência, mas matéria: é o que vibra entre o que se diz e o que não pode ser dito. Sua literatura se faz de pausas, hesitações, reticências que dizem mais do que qualquer sentença. Como quem escreve com o ouvido encostado no abismo, ela nos ensina que o som do mundo não está apenas no que se pronuncia, mas no que resiste à pronúncia.

O silêncio em Clarice é como o branco de uma tela, onde o gesto da escrita se insinua, falha, reaparece. Ela transforma o fracasso de dizer em potência poética, como se cada palavra fosse uma tentativa amorosa de tocar o real, e cada silêncio, um pedido de escuta. Clarice escreve como quem tateia no escuro, buscando não a luz, mas o próprio gesto de tatear. Há uma paciência quase mística em suas pausas, um respeito pelo não saber. Suas personagens parecem sempre à beira de uma revelação que nunca se cumpre e é justamente nesse quase que reside sua força. O silêncio, em Clarice, é uma forma de fidelidade ao mistério: ela não quer decifrar o enigma, quer permanecer dentro dele.

Este é o Pipoca🍿na manteiga😋, nossa coluna semanal onde 📚 literatura, 🎬cinema e 🧠 psicanálise se misturam num só ingresso — 🎭 arte e pensamento com sabor de sexta-feira. Senta com a gente (ou lê no busão, no parque, com café na mão): o filme da vida ainda tá passando.

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