Pipoca🍿na manteiga #18
A Mulher Que Não Sorri: O que o cinema de Yorgos Lanthimos entende sobre o silêncio feminino que a literatura insiste em romantizar?
Há mulheres que resistem justamente por não sorrirem.
Há mulheres que não sorriem e eu aprendi a olhá-las com o cinema de Yorgos Lanthimos. Ele não tenta consertá-las, nem as transforma em metáforas de delicadeza ferida. Elas simplesmente são. Não pedem desculpa por existir, não explicam o próprio silêncio, não oferecem o sorriso que o espectador espera. São mulheres que olham, que calam, que resistem sem precisar dizer nada. Em um mundo acostumado a ver o feminino como doçura ou redenção, Lanthimos filma a mulher como enigma. Lanthimos não tenta decifrar o silêncio feminino, não o transforma em símbolo do sofrimento “belo” ou da “loucura feminina” (como tanto fez a literatura romântica). Ele respeita o silêncio como opacidade, como aquilo que não precisa ser explicado para existir. O “enigma” aqui é o espaço onde o feminino escapa ao olhar patriarcal, onde não se reduz a função narrativa, nem à imagem dócil que o espectador espera.
Este é o Pipoca🍿na manteiga, nossa coluna semanal onde 📚 literatura, 🎬cinema e 🧠 psicanálise se misturam num só ingresso: 🎭 arte e pensamento com sabor de sexta-feira (amo emojis). Senta com a gente (ou lê no busão, no parque, com café na mão): o filme da vida ainda tá passando.
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