Um pequeno varal exposto em praça pública para um mói de gente chegar pertinho das palavras, tateando e navegando. Por aqui a única regra é essa: não pode deixar de compartilhar se você gostar (se não gostar também). Toda quinta-feira apareça aqui em nosso Substack para ler cinco poemas, também vamos fazer leituras lá no Instagram da IS editora se quiserem acompanhar!
Eu, Gabriel Bernardo, venho de Maceió - Alagoas e sou diretor de marketing da IS, estarei selecionando poemas para compor esse nosso espaço e te convido a ler estes poemas deixados para secar no varal.
ps. não se preocupem com a bagunça, se quiserem tirar os prendedores e levarem para casa pode também.
O verdadeiro covarde
por Augusto Floresum velho amor
quase sempre
é um mau amormas seu coração
distinto e farto
dos infartos
recorre a velha lição:
não se cospe no prato que se comeagora sim, satisfeito
como o miserável que é
um deplorável sujeito
pequeno mundo portátil
por Gabriel Bernardomenor universo possível
micro
macro
meta
dadossorriso versão de bolso
guardo corações em drive
lembranças em HDe um vazio
tão minúsculo
cabe em bytenão compensa o hardware
meus limites são
carne
ossos
dentesum choro latente
na borda infinita dos olhoscada toque
mesmo o mais descartável
imprime registros
maiores que os das máquinas
em meu universo portátil
dois rios
por Mônica Barrosgatos pretos noturnos
águas turvas após a chuva
madrugada íntima aos ossos
frio refletido na retinalágrimas no fim do caminho
rochas ígneas no peito
Deus sem jeito
abriu as pernas do Inferno
enfiou a mão e chamou de egocontei esse segredo somente a você
será breve nosso encontro ao fim do dianão conseguirei exprimir o sentimento da saudade
será o instante da paixão imprimida entre os lábios
anterior a palavra e o silêncio
orgasmo da dúvidaimploro que não tenha simpatia alguma
degole o cansaço da garganta
separe meus piores traumas
nos caminhos do rio
Criptografia
por Emanuel CanolaDizer uma palavra
não é o mesmo que falar;Assim como falar
não é o mesmo que sentir;Falar uma palavra
não é o mesmo que escrevê-la;Assim como escrever
não é o mesmo que engolirEis aquilo criptografado
entre vogal e consoante
significado partido, ambíguo
bifurcado em tal medida
que Eu, te amo
& Eu te amo!Já não são mesma medida
por isso não é sentida
quando palavra se torna sina
ofício direto, regra e contra medida
para resgatar a causaefeito
do verbotempoHá tempos
em que escrever não é só palavra
nunca é, como diria ao poema
que dali são apenas palavras (?)E aquele mundo inteiro
percorrido através das
mãos atadas, noites insones
pesadelos indômes, carências frívolas
vidas íntimas e mortes simbólicasSão só palavras
escrever não é o mesmo que sentir
pode até parecer mas não é
imita muito bem o aço sobre a pele
os galhos presos no pescoço
as feridas nas mãos e no rosto
lágrimas cristalizadas ao espelhoNunca soam como o silêncio entre as palavras
Ambiancé
por Gabriel Bernardoas dimensões do sentido
caem em imerso risco
lógico — naturalmonta-se peça por peça
um quebra-cabeçaao fim reprodução
industrial, divina
nesta perspectiva
automática — açãoengrenagem mecânica
suor pós produto do medo
arte orfeica
apenas delírio onírico
Os cinco poemas são escritos por autores de todos os lugares do Brasil que escrevem com a gente por aqui no Substack, caso você também queira deixar um poema para nossa nova publicação semanal manda uma mensagem para mim.
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