Eu tenho um rascunho preso na garganta molhada e posso perder se engolir palavras, minha poesia contempla o desespero e se afoga na vida. Penso, qual o motivo de escrever então? Escrever palavras para que nunca se acabe, mas em tese apenas o infinito alcança tal liberdade. Se é que a liberdade tem esse sabor de mar quando seca.
Acontece com frequência, sem especulação de dias da semana ou horário. A voz do ego grita o que não se escuta da boca, e você permanece em silêncio.
Afresco por Malec
três gritos televisão no máximo choro na borda do olho uma placa—não ultrapasse
comprei um cigarro às três da madrugada sentei com os cães na estrada abraçamos juntos a solidão
Especulações sobre o futuro
por Emanuel Canola
As primeiras palavras escritas
antecedem a poesia
e a gramática.
Vácuo atmosférico,
respiro
à vida,
— e desejei que
a morte
repousasse as mãos
sobre o meu peito
tomando coração
e costelas
um altar sacro
corpo
e então,
queimar tudo
escrito ali.
Ausência por Patrícia Vieira Tomás Vejo rostos Todos os dias Sinto cheiros Todas as tardes Ouço vozes A todo instante Dou abraços Todas as noites Nos meus sonhos Te vejo Quando quero Na minha imaginação Sinto calor Mas não sinto O do teu corpo Cadê você que eu não Vejo Sinto Abraço Ouço?
Pra ontem por Augusto Flores
Listas com metas não concluídas tudo pra ontem Acidente ao fim de tarde sufocante O sol caiu em teus braços lua minguante Sou teu amante até o horizonte findar outra vez Promessa em pele tez tatuagem, filme às dez escorre areia dos pés colorindo azul vermelho verde oceano ou céu relva ou véu desvelado sinto o luto tardio duma criança indigente no peito digitalmente aceito tech, pop ou cool quero um placebo para chamar de meu noites nunca acabam sol nasce ao norte tem quem viva a morte tem quem morre em vida há de nascer esperança na janela entreaberta duma criança só desejo que a fome não chegue primeiro temos pressa é tudo pra ontem
Busquem comer cimento
por ET Brilu
das pedras atiradas em cristo não há delito, ilusão ou grito é o conhecimento mito? estoico? alegórico! edificamos a história faz-se da vida palco da morte não resta nada berram os broxas berram as putas berras os burros berram os muros e é no silêncio que negociam o saber conhecimento é alimento busque comer
Quer ter o seu poema publicado aqui em nosso Varalzinho? Manda uma mensagem para nossa equipe!
São cinco poemas toda semana com diferentes temas e formatos, selecionamos alguns para serem recitados em nossa página no Instagram, acompanhem o nosso trabalho por lá também.
O nosso catálogo de livros está com frete grátis para todo o Brasil, acesse nosso site e conheça o trabalho dos nossos autores.
Site IS
E-mail para envio de originais: imperiossagrados@gmail.com
Instagram: @imperios_sagrados e IS Editora
Podcast: Podcast IS