Varalzinho de quinta #15
cinco poemas molhados
Quando o poema nasce ele é rio. A suas águas banham a população ribeirinha que consegue a sua subsistência devido as bençãos deste grande rio, como é grande este rio! O povo tem em sua cultura a vida provocada por estas terras molhadas, suas bocas alimentadas por estes peixes, unem-se ao rio quando ele submerge suas almas em épocas de chuva e alimenta de volta as águas lamacentas do inverno.
Há um rio que nasce da palavra que só a poesia não seria capaz de ler.
noite em dezembro por Gabriel Bernardo chove em cachos sombra onírica ao vento lembrança...lamento...
Duas lágrimas escorrem // Divagações sobre existir por Augusto flores do rosto oval encoberto pelo silêncio nascente das lágrimas escorrem o mal e a inocência. dá primeira lágrima em decadência inundando a terra e seus homens nasce o primeiro rio do mundo. dá segunda inveja é precedente preenchendo boca e dentes nas frias carnes de Deus.
Movimento entre carne e unha
por Emanuel Canola
Enxuga o céu molhado da tua boca
entrega a seca dos desertos das almas
sem nenhuma crença na reencarnação
apenas mortes diárias, beijos quentes.
Caminhar em direção ao sol
rezando para não correr o risco
de levar —tiro, papoco
cair em uma vala
no centro da cidade
ser atropelado pelo movimento
sem ninguém para culpar pelo esquecimento.
Provoco erupções quando falo
mas calado fico, penso;
para que não seja em vão
as vontades da vida.
Receio ter descoberto que não há toque como o seu:
vislumbro meus maiores sacrifícios serem ao seu lado
vitimado feito cão, ou gato, morto no fim da esquina
tornarei a ser retrato cuspido e escarrado em Lima
sob olhar cruel e frias palavras de um contato
escuto palavras que não disse a ninguém.Ordem mística por Greto Agrille Escorre a lágrima escura sobre a pele de Gaia. Nascem flores rubras nas fissuras da terra. Um sibilo ecoa na margem do horizonte e não há abrigo para as inundações. Até os Deuses choram quando a noite cai. A poesia abandona o poeta que se devora enquanto resiste existir. Eterna, ao alcance das mãos de Thanatos. São nove os círculos do inferno e sete deles são inabitáveis e os outros dois são dados aos charlatões, assassinos, enganadores, falsificadores, ladrões, corruptos e poetas.
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