Varalzinho de quinta #16
cinco poemas conscientes
Descobri o ser na mesma dimensão em que conheci a agressão. Quando haviam apontado para mim, não portava um nome para o qual pudessem falar comigo, era apenas neguinho. Eu não tinha nome. Ali naquele dia tive a certeza de quem era.
Anterior a matéria por Justino Baltazar não possuo nome nasci vil na boca seca do rio
Castelo de areia por Gabriel Bernardo Quando menino fez o castelo feito com as areias da praia vinha o mar e o sol amarelo fazer dele um pequeno Rei Dedicou sua vida infinita ao criativo labor infantil fragmentando as memórias nas palmas da mão surradas Foi ser profeta da culpa alinhou-se a conduta hospedeiro ingênuo tão bobo quanto gênio Ergueu as suas primeiras pontes juntou horizonte a horizonte tudo que a terra tocava era seu Notava o terror subir maré descer a onda, cair no mar seu corpo embarcação não suportará quando a chuva chegar Viu sua face nas espumas não reconheceu o semblante frágil cópia de Deus nasceu e morreu em um único dia Tão breve o sonho adormece no banco acinzentado da condução tudo volta ao despertar não há mais castelo, ou Rei Nunca brilhou o menino do sol infinito e o nada arrumou sombra na oca serpente entre palavras e silêncios nunca esqueceu a dor das despedidas
O tempo por Patrícia Vieira Tomás O tempo chamou o tempo Para conversar E disse O tempo está passando rápido demais Porque cansou de ser devagar É o tempo do Café esfriar A maré subir A flor desabrochar As fases da lua As 365 voltas ao sol... E o tempo veloz disse pro tempo lento: Eu não posso parar! E você, já deu uma pausa hoje?
Dúvida
por Augusto Flores
Tu escolheste assim mesmo
interrogar a excitante libido
roubar o ego maldito
tocando os lábios
lúcidos, apaixonados
solícitos imperativos
tão inseguros quanto a natureza de si.
Demasiadamente humanos
pela imoralidade suicida
razão ilustrada na canção
dos teus silenciosos segredos
despertando meus sádicos desejos
com o coração em mãos.
Sou teu confinado amargo
inseto ardente da dúvida
sob a pele pálida da verdade.O crânio estilhaçado do santo por Greto Agrille O mensageiro divino envolto em pecados duvida de si; sua graça maldita, um coração fecundado na escuridão descolonizado de si. Quem então salva o anjo caído das suas próprias vertigens fissuras causadas pelo tempo longe dos templos e rituais, orações matinais, sonhos espirituais. Quem ama? Ama, porque deve amar. E o ódio? Sente, pois, já desconhece o não sentir; e teme o anoitecer quando sente sono, abandonando o sentido em cada último suspiro do seu ser; e resta seu crânio partido, sangue escorrendo na lama é o santo esquecido, rapinado da ravina mundana. Nasce a criança divina ao passo que morre em vão numa esquina qualquer; toda mãe chora sozinha por um santo.
Quer ter o seu poema publicado aqui em nosso Varalzinho? Manda uma mensagem para nossa equipe!
São cinco poemas toda semana com diferentes temas e formatos, selecionamos alguns para serem recitados em nossa página no Instagram acompanhem o nosso trabalho por lá também.
Informações Extras:
O nosso catálogo de livros está com frete grátis para todo o Brasil, acesse nosso site e conheça o trabalho dos nossos autores.
Site IS
E-mail para envio de originais: imperiossagrados@gmail.com
Instagram: @imperios_sagrados e IS Editora
Podcast: Podcast IS




