Varalzinho de quinta #17
Cinco poemas-lugares
Não tenho casa, frequento locações em acordo. Trabalho apenas o suficiente para conseguir dividir um teto com alguém, então não sinto falta dos afetos relativos a uma casa. Quando alguém me fala que vai voltar para casa, tento imaginar que lugar seria esse, será quente, ou frio. Afinal, o que é uma casa?
Noite em Si Bemol por Justino Baltazar Entre as quatro paredes do olhar nunca os vi notívagos em vigília buscando os vãos entre as costelas São quadros expostos, figuras homônimas tranco a porta hábito tácito tateando sombras navegando costas acorrentadas corpo museu move a pele breve espasmo confinando a vida ao silêncios obra contínua ponta da língua todo segredo é linguagem disfarçada
Meus sonhos por Patrícia Vieira Tomás Sigo na corda bamba Dos meus sonhos Mas na certeza De concretizá-los Reais e imaginários Alguns realizados Desejos serão alcançados Na corda bamba dos meus sonhos
Solidão privatizada por Gérard Albuquerque Tão só que pago aluguel a mim
poemacidade por Gabriel Bernardo moro onde mora a morte esquecida ela passeia à sua sorte nunca ousei morrer como se rua fosse levar algum lugar andei tão cansado que não vejo céu quando levanto percebo também não ter ninguém lembrando onde está subindo a ladeira liberdade descendo travessa sonho bom parado no ponto pesadelo bar insônia lotado é cada velho pé na cova e novo carregando caixão moro onde mora a morte conversadora ela anda Jaraguá, Ipioca zona sul, zona norte ninguém tenta a sorte cada um por si ouve discurso político nega envolvimento onde não há buraco moro onde a vida passa férias no verão como se dia fosse eternidade prometida fruto proibido na praia caipirinha com cachaça tão mágico esquecer onde a morte mora na esquina mais torta também me esqueço da vida não é ela que importa quando tudo volta moro onde a morte volta quando esqueço a vida saindo pela porta
cantos da cidade
por Augusto Flores
alumia a noite tão sombria
rua paralela sem guia
cabos elétricos,
gramados sintéticos,
nos apertamos rente calçada e rua
que é da mesma distância do cu ao saco
desce a pimenta caseira na broa
pivete, fala baixo, aperta um
tosse, escarra e depois cospe
fala que o bom de amar
é deixar rolar
abrimos a porta
deixamos entrar
qualquer lugar serve
nossa mente ferve
seis dias trabalhados
e o sétimo crime
vai pagar os teus pecados
fazendo papel de otário
na esquina de casa estirado no chão
sonho com o sonho
antes do sono
é o tempo que tenho
antes do próximo ponto
desce a cachaça paraense no bar nordestino
deixo meu melhor sorriso
amargar no fundo do copo vazio
amarrando o corpo de mais um vadio
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