Não acredito em instinto para parentalidade. Sou ateu da instituição nasci para ser mãe, ou pai. Gerar uma nova vida biológica pode ser considerado um instinto reprodutor e mesmo assim, como seres humanos vivendo em uma sociedade, também implica cuidar, educar, trocar as fraldas sujas e torcer para o seu filho não te odiar por ter esquecido ele na escola em 2009.
Ninguém nasce sabendo ser pai e mãe, é uma responsabilidade que confronta o nosso ordinário egoísmo, e mesmo nas mais ausentes figuras paternas há o sigilo culposo de uma lei inalterada: um filho abandonado é como a vingança.
A parentalidade envolve precisamente algo que nos condiciona a amar alguém que não somos nós, cuidado e afeto.
Agrestina
porTransitar
é estar em percurso.Caminhar
é ir em direção.Quem sabe amar
está em algum lugar
entre eles.
Carta à rainha
por Augusto FloresQuerida majestade
flor das montanhas mais altas
pérola mais bela das praias
grama mais verde destas planícies
e meu primeiro amor.Tu és dona do meu sorriso,
única e graciosa,
serás sempre meu abrigo
mesmo que o tempo te obrigue a ir
sempre estará em algum lugar
neste castelo dentro de mim.O teu amor nasceu das entranhas
do mundo,
serei sempre teu pequeno rei,
mesmo quando não existir um reino
serei sempre teu pequeno rei.Com amor,
Augusto.
Casa de barro
por Mônica BarrosEu amo
sem esforço
seu rosto lembra os motivos
de ser tão bom voltar para casa.
Outono, 2019
por Emanuel CanolaPudesse tu ver
cada vez onde não pude me enxergar;Teus olhos cansados
buscando descanso no barulho dos pássaros;Há em algum lugar
neste vasto espaço que chamamos de Céu;Vestígios seus no horizonte
alçando voo com eles.Pago pela descrença
sabendo que na fé dos meus pais fui banhado;Senti medo quando havia tantas imagens santificadas
espalhadas pelas paredes de casa;Nunca houve semelhante lugar de conforto
espinhos perfurando da costela a garganta;Quis abandonar o mesmo ventre que me concebeu
pelos desafetos criados com o tempo;Nossas diferenças muito maiores que a idade,
ou geração, éramos incompatíveis.Senti por tanto tempo ser a ovelha negra,
sem pastor, sem guia;Perdido no pasto
num faz de conta bíblico;Alimentando a culpa em cada decisão
errada, quem sabe (?)Aceitei não ser aceito
para ser de outro jeito
encaixar em caixa
nascer na faixa
…quis morrer por issoCrer na crença
poderia ter me salvado.Até que o amor
dançou com a liberdade
nos malfeitos e defeitos,Partes de mim que não negaria
como filho, neto e irmão.Só que agora não posso segurar a mão
do meu querido avô;Desejo que seus olhos cegos
vejam exatamente como eu souDesejo ouvir o que ele tem a dizer
seja num murmúrio ou olharQuando a demência o abatia
ainda estava tão lindo e fortePerdão,
eu ainda era um garoto quando você se foi
e ainda não aprendi a chorar.
Sombra projetada
por Malecdurmo sozinho
ao sono rumo
tonteadonaquela parede
é sombra do que?vai ver urubu
pica-pau, carcará
grilo e tamanduáouço a oração
vaguear a mente
e a memória quando adormeçotive muitas mães
algumas me amaram
mais do que outras
é sorte grandee sempre que era noite
via Deus em cruz
não entendia o medo
que causava a escuridão
mas dizia a mãe
que era luzhoje não sou mais criança
mesmo que Deus agora durma
com os olhos fechados
para os meninos como eu
que já fazem travessurasnão tive pai
então Ele,
pode ser meu paiafinal a mão
sufocando o pescoço
tem o mesmo peso
do silêncio
até hoje.
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