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Avatar de Juliano Souza

Partilho do teu sentimento, Cris.

Alguns dias atrás vivi uma situação muito parecida. Na minha rua, em frente a minha casa, há uma pequena mercearia, onde na parte de trás, moram os donos. Um casal de idosos. Ressalto que o homem, um senhor magro, óculos de grau, sempre vestido em sua calça camuflada, pela manhã, senta na calçada e assiste a todo o volume religiosamente em seu celular, o canal da Band News. Nesses dias de chuva, enquanto fumava na janela, observei um homem em situação de rua, buscar abrigo debaixo do toldo dessa mercearia. O toldo se estende da porta da mercearia até a calçada, ou seja, ocupa um espaço público. O homem se sentou por ali com seus pertences e se cobriu com uma coberta. Isso era mais ou menos 20h da noite de um domingo. O dono da mercearia chegou em casa e viu aquele rapaz ali e se incomodou. Estacionou o carro dentro de casa e, junto com outro homem, talvez um parente, decidiu "correr" com o rapaz de lá. Aquela cena me cortou o coração. Eu entendo que o dono do estabelecimento não quer sujeira e nem que vire um ponto onde os moradores em situação de rua se acostumem a dormir ali. Mas por outro lado, o que custaria ele conversar com o rapaz e ceder aquele lugar, naquele momento, para ele? O que custaria ele pedir para o rapaz deixar tudo em ordem e que, no horário que ele fosse abrir no outro dia o estabelecimento, ele pedisse para que o rapaz se retirasse? Não havia necessidade de ser truculento e mandá-lo sair sob ameaça. O rapaz pegou suas coisas e antes de ir, pediu uma água. O homem pegou uma garrafa e entregou a ele, que bebeu de uma vez e foi embora. Me senti impotente. Pensei cmg "eu não posso, como gostaria, de fazer algo por ele, mas uma pessoa, diante dessa situação, que pode fazer alguma diferença e, mesmo assim, escolhe não fazer, certamente é uma pessoa muito pior". Fiz a minha parte em nunca mais consumir nada naquela mercearia. Prefiro dirigir 10 minutos até o mercado mais próximo. Sua sensibilidade é enorme, meu amigo. Não se deixe abater. É preciso continuar atento e forte. Estar na contramão das atitudes desses é uma benção. Já pensou admirar ou ser admirado por gente assim? Certamente algo não estaria certo. Grande abraço Cris, a você e toda a família IS!!

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