Só sei que foi assim #8
Trump e a bota americana no nosso pescoço: quando o capitalismo me faz querer ler Marx. Nasce em mim a vontade de entender o socialismo, esse sistema que ousa enfrentar o capitalismo.
A “ameaça” do comunismo já foi usada como desculpa para cometer atrocidades desde, ao menos, o governo de Getúlio Vargas até o Golpe Militar-Empresarial de 1964. Ainda hoje a grande maioria das pessoas não tem ideia do que significa socialismo e/ou comunismo.
O Alienista
Por Cristian Abreu de Quevedo
Toda vez que escuto alguém repetir que os militares em 1964 impediram o comunismo no Brasil, eu percebo como a memória coletiva foi moldada por um mito que se repete sem cessar. João Goulart não era comunista e não havia risco real de que grupos de esquerda tomassem o poder, mas a narrativa de um inimigo à espreita serviu como justificativa conveniente para a interrupção da democracia.
Esse medo não nasceu do nada, ele foi cuidadosamente cultivado desde o início do século XX, especialmente depois da Revolução Russa e da fundação do Partido Comunista em 1922. A Intentona Comunista de 1935, rapidamente derrotada, transformou-se em símbolo e passou a ser lembrada como se fosse um alerta eterno, ainda que tivesse sido mais uma revolta mal organizada do que uma ameaça real de tomada do Estado.
O que existia de fato era um uso político do medo. O comunismo virou uma palavra mágica, carregada de imagens diabólicas e infernais, associada a tudo o que deveria ser combatido. Essa construção imaginária, alimentada durante a Guerra Fria, permitiu que reformas sociais moderadas fossem tratadas como passos em direção ao caos. Quando se aponta para um inimigo que ninguém entende bem, tudo pode ser legitimado.
Eu penso nisso e vejo como ainda hoje o mito do comunismo continua servindo como ferramenta de controle. Mais fácil agitar o fantasma de um mal absoluto do que discutir as desigualdades concretas do país. No fundo, não era o comunismo que estava em jogo em 1964, era o poder. E quando essa história é repetida, um pedaço da verdade se perde, abrindo espaço para que velhas justificativas autoritárias sobrevivam.
Essa semana me deparei de novo com um dos mitos mais persistentes da nossa História: a ideia de que o golpe militar de 1964 foi necessário para “impedir o comunismo” no Brasil. Sempre que esse argumento aparece, noto como a memória é distorcida e usada para justificar o injustificável. João Goulart, o presidente derrubado, não era comunista. Não havia nenhuma ameaça concreta de tomada do poder por militantes de esquerda. O que havia, sim, era uma disputa política em torno de reformas sociais e de um país que buscava se democratizar.
O anticomunismo não nasceu em 1964. Ele já circulava por aqui desde o início do século XX, ganhando corpo depois da Revolução Russa de 1917 e, mais ainda, após a fundação do Partido Comunista em 1922. Em 1935, o episódio conhecido como Intentona Comunista — uma revolta liderada por Luís Carlos Prestes — virou combustível para que as elites conservadoras mantivessem vivo o fantasma da “ameaça vermelha”. A revolta foi rapidamente derrotada, mas ficou no imaginário coletivo como um alerta permanente.
O curioso é perceber como esse “perigo comunista” funcionava muito mais como uma fábula do que como realidade. Durante a Guerra Fria, quando os Estados Unidos disputavam influência global contra a União Soviética, o Brasil também entrou no jogo. O comunismo virou uma palavra mágica, capaz de gerar medo, pânico moral e justificar a violência do Estado. Não importava que poucos realmente entendessem o que significava. Bastava repetir o rótulo.
Esse imaginário tomou formas bem concretas. Cores vermelhas, imagens de diabos, serpentes, fogo e destruição eram constantemente associadas aos comunistas. É impressionante como a linguagem visual usada contra eles bebia diretamente da tradição cristã: comunista era sempre aquele que trazia o inferno para a Terra. Ao transformar uma posição política em uma encarnação do mal, abria-se espaço para qualquer tipo de perseguição.
Mesmo dentro das Forças Armadas, esse discurso circulava com força. Mas se olharmos os fatos, veremos que não havia uma organização robusta da esquerda armada em 1964. Os grupos mais radicais eram pequenos, frágeis, sem força para disputar o poder real. O que havia de fato era medo, e esse medo foi manipulado por setores que não queriam mudanças estruturais no país: como as reformas de base de Jango, que pretendiam mexer em terra, educação e renda.
Hoje, quando alguém repete que os militares “salvaram o Brasil do comunismo”, eu penso em como a História pode ser reduzida a slogans. Penso também em como esse medo vago, alimentado há décadas, continua sendo usado para justificar autoritarismos e apagar o desejo de transformação social. É mais fácil apontar para um inimigo imaginário do que encarar as desigualdades reais.
E no fim, tudo se resume a isso: não se tratava de comunismo, mas de poder. O medo foi a máscara, a desculpa conveniente, o mito que sustentou um golpe contra a democracia. O resto é narrativa e a cada vez que ela é repetida, um pedaço da memória coletiva se perde ou se torna palco, púlpito de igreja e medo coletivo.
Trump para mim não é só um homem, é o retrato vivo da decadência do capitalismo. Quando vejo a arrogância dele, sinto que estou olhando de frente o império que sempre teve a bota no nosso pescoço, esmagando nossa soberania, nossas vidas, nossos sonhos. Essa engrenagem podre continua girando no Brasil, e a cada volta ela arranca um pedaço do futuro de quem trabalha, de quem não tem nada além da própria força para sobreviver. Eu respiro esse sufoco todos os dias, e é impossível não sentir raiva.
É dessa raiva que nasce em mim a vontade de entender o socialismo. Não como mito, não como caricatura inventada pelo medo, mas como possibilidade real de desafiar esse sistema que se alimenta de sangue e suor. Quando eu leio Marx, não é por nostalgia intelectual, é por sobrevivência. É porque O Capital me dá as chaves para decifrar o que está acontecendo diante dos meus olhos. Marx me ajuda a não aceitar que a exploração seja natural, que a desigualdade seja destino, que a miséria seja inevitável.
E no Brasil de agora, o que eu vejo é um governo tentando apagar incêndios com as mãos atadas, cercado de chantagens no Congresso, pressionado por uma direita que continua gritando contra qualquer política de redistribuição, enquanto a extrema-direita, herdeira do bolsonarismo, segue mobilizando o medo e o ressentimento. No meio disso, a fome voltou, o preço dos alimentos dispara, o endividamento das famílias é recorde, e o trabalho virou sinônimo de precarização. O capitalismo está morrendo diante de nós, e essa morte não é tragédia, é oportunidade. Ler O Capital hoje é me preparar para entender essa decomposição e para não aceitar ser engolido por ela. Porque se não tivermos clareza e coragem, o que nasce depois desse sistema pode ser ainda mais brutal.
Mas o que é o socialismo? Como ele funciona? E o comunismo? Perguntas que não terão respostas prontas do google ou do chatgpt. Estudarei. Abriremos um grupo de estudos sobre o tema e leremos O Capital de Marx e Engels.
Não mexe na minha estante!

Quando eu olho para o Brasil de hoje e vejo como o machismo segue corroendo cada espaço da nossa vida, eu sinto a urgência de livros como este. Não é teoria distante, não é um debate acadêmico frio: é a carne viva da desigualdade que se repete todos os dias no salário mais baixo pago às mulheres, na violência doméstica que explode nas estatísticas, no assédio naturalizado nas ruas, no estupro tratado como número e não como crime contra a dignidade humana. É por isso que eu digo a você que este livro não é só para ler, é para enfrentar. Eu li cada página com a sensação de que não dá mais para aceitar o patriarcado como herança inevitável. Da Mulher-Maravilha como mito feminista até Carolina Maria de Jesus como voz da resistência negra, passando por Ariano Suassuna, Margaret Atwood, Milton Hatoum e Clarice Lispector, este livro desmonta as máscaras do machismo e expõe a violência que sustenta o sistema. E o que mais me incendiou foi perceber como cada análise não se contenta em denunciar: ela nos dá ferramentas para resistir, para quebrar as normas que tentam aprisionar o feminino em papéis pré-estabelecidos.
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